Reuni: por uma universidade diferente

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Por Aline Bonatto de Lima

A Universidade Federal Fluminense (UFF) foi uma das últimas a aderir ao Programa Restruturação e Expansão das Universidades Federais, o Reuni. Muita luta entre os estudantes e a reitoria foram travadas. Levou dois meses para o projeto ser aprovado, em 14 de dezembro de 2007, e, até lá, muita água rolou...

O Reuni-UFF não parece um projeto ruim, à primeira vista. O documento, com 61 páginas, explica tudo o que vai acontecer com a nossa universidade e quais serão as mudanças. Com o lema Expansão de Vagas e Melhoria Qualitativa dos Cursos, o Plano de Reestruturação deverá ser concluído até 2012. O vice-diretor do Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS), o professor João Batista de Abreu, afirma que o nosso campus sofrerá mudanças, assim como os cursos que estão nele. “Devemos contar com mais 190 vagas, distribuídas entre os sete cursos (Arquivologia, Biblioteconomia, Cinema e Audiovisual, Estudos de Mídia, Jornalismo, Produção Cultural e Publicidade e Propaganda)”, garantiu.

Outra novidade é a transferência do IACS para o Gragoatá. “As obras já começaram e a previsão é de que sejam concluídas até 2012 também”, afirmou João Batista. As mudanças não ficarão restritas ao Instituto de Artes e Comunicação Social. A reitoria prevê que até o fim da data estipulada, o corpo docente da Universidade Federal Fluminense conte com 692 professores. Engana-se também quem pensa que apenas os campi de Niterói estão contemplados. As unidades do interior serão ampliadas e há projeto para expandir os pólos. A idéia é que em 2012 a UFF esteja em Volta Redonda, Nova Friburgo, Angra dos Reis, Rio das Ostras, Campos dos Goytacazes, Macaé, Santo Antônio de Pádua, São Gonçalo, Pinheral e São João de Itabapoana.


Por que dizer não ao Reuni?

O Plano de Reestruturação das Universidades Públicas (Reuni) não foi bem recebido por todos. Apesar das propostas e da promessa de melhoria no ensino, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) foi contra a aprovação do Reuni. Daniel Nunes, estudante do 7º período de História, fez parte de todo o movimento contra a adesão ao projeto e conta que o problema não é a tentativa de expandir a universidade, mas sim, como tudo está sendo encaminhado. “Para receber mais recursos, a universidade precisa aumentar a proporção de estudantes em relação ao numero de professores, por exemplo, e acelerar de maneira artificial a formatura dos estudantes”, argumentou o membro do DCE.


Outra crítica é quanto a maneira como o Reuni foi aprovado na UFF. A votação foi realizada no Tribunal de Justiça de Niterói, no dia 14 de dezembro de 2007 e a polícia impediu que os estudantes participassem da reunião. Para Daniel, os estudantes e funcionários da UFF não puderam fazer parte desse momento tão importante para a universidade.

A luta do DCE: “Abaixo o Escolão, Reuni não!”

Desde o começo o Diretótio Central dos Estudantes (DCE) foi contra a aceitação do Reuni. O apoio veio de outras universidades federais do país, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal do Parana (UFPR), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal do Ceará. Apesar das manifestações, o Plano de Reestruturação das Universidades Federais foi aprovado na UFF.

Início da luta: a assembléia estudantil, no Bandejão

Na primeira votação acerca do Plano de Reestruturação, marcada para o dia 26 de setembro de 2007, o DCE conseguiu reunir cerca de 500 alunos no Bandejão (campus do Gragoatá) e todos eles, simbolicamente, disseram não ao Reuni. Apenas isso, porém, não foi o bastante, e foram realizadas várias manifestações contra tanto em Niterói quanto nas unidades da UFF em outras cidades.

Além das passeatas, também houve palestras em toda a UFF e o IACS não ficou de fora! As campanhas para conscientização aconteceram em parceria com a Associação de Docentes da Universidade Federal Fluminense (Aduff). A estudante de Jornalismo, Júlia Bertolini, integrante do Diretório Acadêmico de Comunicação (Daco), contou que o DCE sempre organizava protestos nos dias dos Conselhos Universitário. Algumas reuniões foram desmarcadas em cima da hora, por causa das manifestações. Como nas outras universidades, também houve ocupação da reitoria. A Polícia Federal foi chamada para desocupar o prédio, mas os manifestantes só saíram quando um novo conselho foi marcado.

Reitor e pró-reitores votam: sim, Reuni!

As manifestações foram constantes. Entre os meses de setembro e dezembro de 2007, houve uma grande mobilização. Vários reuniões do Conselho Universitário foram marcados e não deram em nada. O reitor Roberto Salles, então, decidiu marcar nova reunião. Essa, porém, teve um diferencial: aconteceu no Tribunal de Justiça de Niterói. “Ele quis que fosse lá porque a Polícia Civil poderia interferir, já que na universidade apenas a Polícia Federal tem jurisdição. Eles não deixaram que os estudantes entrassem na sessão e, assim, conseguiram aprovar o Reuni”, diz Júlia Bertolini, representante do Daco.

O projeto foi aprovado no dia 14 de dezembro de 2007. O movimento estudantil acreditava que a universidade tinha outros problemas mais urgentes para resolver. A habitação estudantil era um deles. Como a UFF não tem alojamento, um grupo de alunos decidiu fazer um acampamento no Gragoatá. A ocupação terminou desde dezembro de 2008, mas o problema continua sem solução. Um dos pontos do Reuni é construir um alojamento universitário.

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