Ações diferenciadas para integrar e divertir novos alunos

Por Lorena Piñeiro

Cabelos raspados, situações humilhantes e perguntas constrangedoras. Após enfrentar o temido vestibular, um novo pesadelo surge: o trote. O que não deveria passar de uma “alegre interação” já terminou em alunos traumatizados, processos judiciais e tragédias. Histórias variadas povoam o imaginário dos calouros e dificultam o processo de transição para a faculdade. Resumindo, o trote acaba surtindo o efeito contrário!

E a grande pergunta seria: precisa ser assim? Iniciativas variadas na Universidade Federal Fluminense provam que não e ainda sugerem alternativas aos trotes tradicionais, mostrando que não é preciso recorrer à violência e ao terror psicológico para divertir e, principalmente, integrar.


Acolhimento Estudantil, Trote Cultural e Semana Acalourada

O Programa de Acolhimento Estudantil foi implantado em 2007 pela Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos. O PAE tem como objetivo recepcionar os calouros e apresentá-los à universidade através de gincanas culturais e divulgação dos diversos projetos desenvolvidos na UFF. O evento acontece no Campus do Gragoatá e engloba todos os cursos de graduação.

Além do PAE, a UFF também procura incentivar a realização de trotes alternativos com o Projeto Trote Cultural. Criado em 2001, o programa busca integrar calouros e veteranos através da realização de atividades sócio-culturais e do voluntariado. Os calouros já participaram de campanhas de educação e preservação ambiental, coleta de roupas, alimentos e livros e doação de sangue. Mas onde fica o IACS nessa história toda? Na verdade, o nosso campus dá uma aula de criatividade no quesito trote, com a elogiada “Semana Acalourada”.

A recepção dos veterenos para quem chega

Já são tradicionais as gincanas, oficinas e debates promovidos pelos veteranos do Instituto de Arte e Comunicação Social. A Semana Acalourada surgiu como uma iniciativa do Diretório Acadêmico de Comunicação (Daco) para promover a confraternização dos alunos por meio de diversas atividades. A aluna Mariana Jardim Reis, membro do Daco e aluna do 3° período de Jornalismo, conta que procurou organizar uma programação diversificada esse ano. “Sei que só brincadeira não acrescenta, então procuramos criar algo equilibrado para atender o objetivo maior que é integrar o calouro”, conta.

Mariana participou da Comissão de Trote do semestre 2009.1 e listou as atividades pensadas pelo grupo. “Fizemos as brincadeiras de sempre para descontrair, as apresentações, um café da manhã com os calouros para falar sobre o DA e as demais organizações, além de oficinas de fotografia, texto e teatro”. As oficinas são uma forma de iniciar os alunos na comunicação e foram ministradas pelos próprios veteranos: Dilliany Justino, Filipe Cabral, Érika Vetorazzo, do 6° período, e Robson Sales, do 3°.

O aluno Rafael Duncan, do 5° período de Publicidade, participou da Comissão de Trote do ano de 2008 e também falou de sua experiência como calouro, em 2007. “No dia da inscrição, alguns veteranos nos receberam e tiraram algumas dúvidas nossas sobre o curso. Na semana do trote em si, houve pintura e uma gincana visando o entrosamento. Depois, fomos para as ruas arrecadar dinheiro”. Quando questionado sobre as oficinas, Rafael contou que não assistiu nenhuma pela falta de incentivo dos veteranos e que sua turma procurou sanar esse problema quando organizou o trote.

Também de Publicidade, André Chapetta, do 8° período, confirma que existe um conflito de interesses entre as propostas de atividades. “Inicialmente, o trote é aplicado para o recolhimento do dinheiro necessário para realizar a choppada, mas também existem as oficinas que representam um primeiro contato dos calouros com os veteranos numa atividade prática. Não digo que há um equilíbrio, e nem sei se isso é possível”. André acredita que o ideal seja realizar as oficinas na parte da manhã e o trote à tarde, mas reconhece que tudo dependeria da disponibilidade dos calouros.

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