Entrevista com Alexandre Gaspari, editor-chefe da revista Brasil Energia


Por Paulo Júnior


Guia do Calouro - Em que áreas o jornalista pode atuar?

Alexandre Gaspari:
O mercado para jornalistas é bastante amplo. Ele vai muito além da grande mídia, em geral a primeira (e muitas vezes única) visão de quem entra em uma faculdade de jornalismo. Além dos tradicionais e grandes jornais, revistas, rádios e TVs, há um campo imenso de veículos de pequeno e médio portes que precisam de profissionais constantemente. Não citei também as assessorias de imprensa e de comunicação, sejam grandes, multiclientes, sejam assessorias das próprias empresas, sejam assesssorias menores, que batalham para divulgar clientes. E há o vastíssimo campo da internet, cujo limite é inexistente.
No caso de revistas especializadas, por exemplo, há oito anos havia nada menos que 25 mil títulos no Brasil. Claro, há muitas revistas de lojas, de associações... coisas pequenas. Mas campo de trabalho há. Por isso temo tanto o fim da exigência de diploma.

GC - Em que a extinção do diploma vai afetar o mercado?

Alexandre Gaspari
: Isso [a extinção da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão] não vai afetar a grande imprensa, que vai continuar contratando jornalistas com formação. No entanto, nesses pequenos veículos, que precisavam ao menos de um jornalista registrado como responsável, isso cai. Ou seja, vamos considerar que cerca de 25 mil pequenos veículos sequer vão precisar empregar pelo menos um jornalista formado, nem que seja apenas para "assinar" a responsabilidade sobre o veículo.

GC
- Imagino que esse seja um problema especialmente para veículos afastados de grandes centros, em cidades pequenas, onde não há curso superior em jornalismo.

Alexandre Gaspari:
Você lembrou bem isso. Realmente onde não há faculdades de Jornalismo existe esse problema da falta de profissionais. Mas agora, sem a exigência, referenda-se a não-necessidade de jornalistas formados. O futuro agora é uma incógnita.

GC
- Muitos estudantes de jornalismo estão desanimados em continuar o curso devido à decisão do Supremo Tribunal Federal. O que você diria para eles?

Alexandre Gaspari
: Não desanimar. Pensar que a faculdade agora é mais um trampolim. Vai ser necessário mais especialização do jornalista. Portanto, já comece a definir a área que pretende cobrir e encontre algo que dê um ‘tchan’ a mais no seu currículo.

GC
- A faculdade continua sendo o melhor caminho para quem está decidido a ser jornalista?

Alexandre Gaspari:
Claro! Bons profissionais vão continuar sendo feitos somente na faculdade. A tendência é essa, embora nem todos que saem de uma universidade sejam competentes.

GC
- Quais os principais entraves/dilemas no cotidiano do jornalista?

Alexandre Gaspari:
Penso que o principal entrave diz respeito à ética e aos limites da informação. E isso é muito pessoal. Eu sempre pergunto até onde se pode ou se deve ir para se conseguir uma informação. Os fins justificam os meios? Alguns acham que sim. Eu acho que não.

GC
- Que dicas você daria para um estudante que deseja obter um bom estágio e futuro emprego?

Alexandre Gaspari:
Disposição é a palavra de ordem. Estar disposto a aprender sempre é condição fundamental. Não se queixar de viver novas experiências, mesmo fazendo serviços “chatos”, como clipping, ou matérias bobas. É assim que se aprende. O jornalista deve estar sempre disposto a aprender, sem arrogância. Para mim, o grande problema que afeta um jornalista se chama ego. Quem consegue controlá-lo vai longe. E vai aonde quiser ir.

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